segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Canção do vento


Uma noite, quando minha mulher e eu estávamos separados, cheguei tarde do trabalho. Não queria entrar em casa para não enfrentar lembranças. Fique no jardim. Era uma noite clara, havia lua, nuvens, grama molhada, e brisa nas folhas das árvores. Algo que estava lá muito antes de eu nascer, e estaria lá bem depois do último ser humano cumprir seu destino. O tipo de noite em que o vento assovia uma antiga melodia celta de solidão e saudade. Liguei para ela dali mesmo. Não havia ninguém no mundo capaz de apreciar aquela noite comigo. Seja lá o que havia acontecido entre nós, nunca desejei tanto estar com alguém, quanto desejava estar com ela ali naquela noite. Não sabia o que dizer quando ela atendesse. Mas desejava profundamente que ela estivesse sentindo aquilo comigo. Sei o que querem dizer com apreciar a simplicidade das pequenas coisas. São extremamente raras as pessoas que fazem o contrário. São elas que compõe as letras das melodias celtas de saudade e solidão. Mas, até as antigas canções falam acerca de algo mais poderoso que o destino. Algo que parece zelar para que essas pessoas raras se encontrem e formem círculos de amizade. Não estamos sozinhos. Nossa dor nos faz mais fortes e humanos, e torna verdadeira nossa alegria.

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